27/11/2010

Pão árabe no sítio de Sapucaia

Uma das nossas experiências culinárias mais divertidas nos últimos tempos: fazer pão árabe numa fogueira...
Sempre que viajamos para o sítio dos pais do Ro, em Sapucaia, interior do Rio, ficamos animados com as receitas mais elaboradas (ou seriam laboriosas...?). Afinal, lá nós temos a nossa disposição uma cozinha muuuuuuuuuuuuito maior que a do apezinho da Lapa, um mesão, produtos da horta fresquíssimos e... ar livre!

A ideia de fazer o pão numa fogueira surgiu por acaso. Já saímos do Rio com vontade de fazê-lo, mas a princípio seria no forno convencional. Heis que surge uma churrasqueira improvisada no meio do quintal para o preparo das carnes do almoço e... uma gamela de ferro fundido! (Como nota biográfica, vale dizer que a tal gamela já foi parte da roda de uma trator. Pasmem...) Bem, olhando para a gamela sobre as brasas, juntamos cré com lé: a massa do pão, devidadamente sovada e descansada, foi parar lá. Por conta disso, pudemos ver o processo de cocção acontecendo em nossa frente, sem a barreira da porta do fogão. É lindo ver a massa crescer e se "descolar", formando as duas camadas típicas do pão árabe.

Ficamos excitados como crianças que ganham um brinquedo novo. E eu, por ser um incorrigível sacerdote do Tempo, acrescentei a essa animação pelo novo um punhado de emoção pelo velho: ali, bem na nossa frente, se reproduzia um fenômeno antigo como a civilização - a ancestal arte de fazer pão...

Vejam as fotos:









16/11/2010

CARMELO ou UM LUGAR PARA VOLTAR

Sabe aqueles restaurantes que te dão vontade de voltar? O Carmelo é um deles! Mal saímos de lá e já estávamos com saudade do ambiente, do atendimento e do sabor da comida. Principalmente desse último item. A comida no Carmelo é SEMPRE boa, independente do que você peça ou do dia e horário em que você chegue. Especializada em massas, a casa já nos presenteou com molhos deliciosos de brie, quatro queijos, funghi e até com o simplíssimo molho vermelho. Quen gosta de cozinha sabe que os bons restaurantes são realmente testados nos pratos menos sofisticados e não nos malabarismos da haute cuisine. É justamente ali, nas trivialidades desprezadas pela maioria dos comensais, que podemos saber se a cozinha é séria. Como são pratos menos visados, muitas vezes somos surpreendidos por um certo descuido em seu preparo nos restaurantes especializados em fru-frus para inglês comer. Pois a equipe do Carmelo capricha tanto nos saltos mortais triplos quanto nas singelas cambalhotas. Já testei até o risoto (quem me conhece sabe o quanto gosto deles e sei fazê-los bem... alguém viu minha modéstia dando sopa por aí? ) e não me arrependi. Ponto exato, sabor delicado, perfeitinho como se tivesse saído da cozinha aqui de casa. E no fim, mais uma surpresa: os preços não são nada exorbitantes.

Por tudo isso, o Carmelo merece uma visitinha de cariocas de qualquer bairro que estiverem passeando pelo Catete. Ele fica na rua Correia Dutra, 75 (quase na esquina com a rua do Catete, "dentro" de um cartório).

Obs: Fico devendo fotografias. Mas elas chegam em breve, pois já faz um tempinho que não visitamos o Carmelo e isso precisa ser logo corrigido...

14/10/2010

Sabe qual é a melhor pizza do Rio?

Geralmente acho que essa conversa de a melhor pizza, o melhor chopp, a melhor azeitona de empada não está com nada. Já disse algum sábio sentado a uma mesa de botequim (coçando o saco e cuspindo pro lado), que gosto é igual a bunda: cada um tem a sua. Mas, como tenho visto que alguns itens não perdem o posto de "o melhor..." nas listas de "os melhores..." que todo ano são lançadas e pelas quais eu e Ro esperamos ansiosos, resolvi protestar. Embora não ande por aí mostrando minha bunda só porque tenho uma, resolvi fazer exposição de minha melhor pizza, só pelo prazer de polemizar.

Há alguns anos a melhor pizza da "Veja Comer e Beber" é a Capricciosa. Nunca tínhamos nos aventurado, achando que fosse muito cara. Esse ano, resolvemos comemorar um dia 15 lá. Não foi tão cara, nem foi tão boa... Pode ser culpa do nosso pedido, que não arriscou chegar perto das cifras mais altas? Talvez... Pode ter sido azar, por termos escolhido um dia em que a cozinha não estava inspirada? É possível. Porém, como acredito que cozinha boa não deve depender do preço que é cobrado nem do dia ou horário em que o comensal resolve se banquetear, a Capricciosa perdeu alguns pontos. Não que as pizzas de calabresa e funghi que pedimos estivessem ruins. Nada disso! Porém, também estavam loooonge de serem as melhores da cidade.


Acima das pizzas da Capricciosa certamente colocaríamos as invenções da Mamma Jamma. No aniversário do Ro fomos lá e comemos duas pizzas geniais: uma de trufa defumada e outra de presunto de parma. Desde a textura da massa até o ponto de derretimento do queijo, tudo estava delicioso.






Porém, a Nossa Melhor Pizza é, definitivamente, a do Bráz. É genial a combinação da massa crocante com um molho de tomate exclusivo, dono de um perfume extraordinário. Em qualquer das opções de coberturas (algumas inusitadas), todos os ingredientes são fresquinhos, como se tivessem sido colhidos na horta ao lado. O melhor é que a "horta ao lado" não existe. O que prova que o segredo de uma boa cozinha é a administração cuidadosa, com apreço pelos detalhes.

Já tínhamos ido comemorar lá, depois de desistirmos de um restaurante metido à besta que cobrava fortunas por um atendimento grosseiro e um cardápio nada criativo. Estávamos perto da Bráz e ela nos pareceu sedutoramente simples, descontraída, leve. Acertamos em cheio. Além do ambiente bem decorado, espaçoso e iluminado na medida certa, contamos com um atendimento correto e pizzas sempre inesquecíveis. Depois ainda voltamos lá no aniversário da Renatinha, minha sobrinha. Vejam só as fotos: funghi, mix de linguiças e capresi. Dá até para sentir o cheiro, não dá? O melhor de escrever sobre comida é evitar certos constrangimentos por que eu passaria se estivesse falando agora, pois seria impossível articular bem as palavras, de tanta água na boca... é incontrolável!

O bolo de aniversário

Uma das comemorações de meu aiversário esse ano foi um chá aqui em casa para eu e meus amigos queridos nos prepararmos para ver a estreia de Alice no País da Maravilhas do Tim Burton. Para combinar com essa proposta, queria fazer um bolo de aniversário que lembrasse contos infantis, bolo inglês, século XIX... Optei por esse carré de nozes, que recebeu muitos elogios. Estou com vontade de fazer novamente, mesmo que seja de desaniversário...

Pão-de-ló:
Bata 1 xic. de açúcar com 4 gemas e 1/2 xic. de água até a mistura dobrar de volume. Acrescente, alternadamente, 2 xic.e 1/2 de farinha de trigo e 1 xic. de água, sem bater muito. Acrescente 1 colher de sopa de fermento em pó e, finalmente, as 4 claras em neve, misturando delicadamente. Asse no forno preaquecido em forma untada com um fundo de papel manteiga. Espere esfriar antes de desenformar.

Recheio de nozes:
Leve e mistura de 3 xic. de açúcar com 1 e 1/2 xic. de água ao fogo, deixando ferver até obter uma calda de fio fraco (calda bem ralinha). Nesse ponto, misture 250g de nozes moídas, já com o fogo desligado.

Glacê:
Coloque 3 colheres de sopa de leite numa tigela e misture, alternadamente, com 2 xic e 1/2 de açúcar de confeiteiro e 2 colheres de sopa de suco de limão. Ele deve ficar com aparência de leite condensado.

Montagem:
Corte o pão-de-ló ao meio, no sentido horizontal. Aplique o recheio de nozes ainda quente sobre a metade de baixo. Junte a parte de cima. Corte em pequenos quadradinhos. Aplique o glacê, dexiando escorrer pelas bordas. Acrecente 1/4 de noz em cada pedaço antes do glacê endurecer. É importante montar os bolinhos já na bandeja em que você irá apresentá-los, pois como o glacê escorre e seca, não é possível transportá-los depois de secos sem que eles rachem, o que tiraria  parte da graça.  

12/09/2010

Locais insuspeitos

Existe boa comida onde menos se espera. Isso eu e Rodolfo estamos descobrindo aos poucos, sempre que ousamos experimentar pratos mais sofisticados onde, aparentemente, o mais forte são os lanches.




Exemplo 1: Cafeína.
Quem já conhece essa cafeteria excelente, com seus salgados dourados e tortas criativas e sempre deliciosas talvez nunca tenha percebido que no cardápio há opções de pratos princiapais também. Já comemos lá algumas vezes, sempre escolhendo as massas. Eu adoro o  molho parisiense. Ro provou o pesto com tomate seco e aprovou totalmente. Ah, as omeletes também são dignas de muita nota! Improvisamos pedindo uma de entrada. O puxa-puxa do queijo e o sabor de presunto de boa qualidade deixaram saudade...












Exemplo 2: Manon
Nossa amiga Cláudia foi quem nos apresentou essa surpresa. Uma das lanchonetes mais antigas do Rio, na rua do Ouvidor, a Manon já é um primor em termos de guloseimas. Mas, talvez poucos saibam, escondido atrás do salão de lanches está o salão de almoço. É um quilo, o que a priori não é nada interessante. Porém, a Manon serve aquela comida em que cada centavo pago por cada grama é recompensado. Além disso, há o charme da decoração art deco meio naïve... Excelente opção para um dia de compras no Centro.

25/08/2010

Almoço em família

as já famosas bruschetas do Ro
Como muitas outras, minha família se reúne em torno da mesa em datas festivas. O diferencial, em nosso caso, fica por conta do foco: enquanto para as outras a comida não passa de pretexto para o convívio, na nossa os encontros são sempre a desculpa perfeita para apreciarmos uma boa comida. Fazemos parte de uma nobre linhagem de glutões, que durante muitos anos foram alimentados pela matriarca, minha mãe. Atualmente, como ela se encontra impossibilitada de cozinhar, os serviços de copa e cozinha estão mais descentralizados. Sempre, antes de qualquer encontro, há conferências por telefone para se decidir quem fará o que. Geralmente sou solicitado para dar soluções criativas às sobremesas. Minha irmã Gisele vem se especializando em pratos principais, sempre fartos, bem decorados e - o que é mais importante, deliciosos. Meu pai gosta de preparar acompanhamentos (o arroz branco dele é imbatível). Minha sobrinha, Renata, tem se mostrado bastante entusiasmada pelo livro de receitas do Jamie Oliver, recebendo incentivos do tio para se dedicar à área de entradinhas. Meu irmão, Júnior, até esse almoço específico de que passo a tratar agora, sempre se preocupou apenas em comer - e bem!

a carne com cores lusitanas de minha irmã
No último dia das mães, tivemos um encontro quase típico. Minha irmã apresentou uma carne assada com batatas, cebolas e tomates que nos fez lembrar bastante aquelas "casas portuguesas com certeza". Apesar de não termos ascendência direta - com excessão de minha sobrinha, neta de portugueses por parte de pai - desconfiamos seriamente, devido ao sobrenome Pinto (típico dos cristãos novos lusitanos) que nossas raízes ibéricas são bem fortes e atuantes. Meu pai, para não perder o hábito, fez um delicioso arroz soltinho. Eu estava com preguiça e não preparei sobremesa, aproveitando para levar as bruschetas do Ro que tinham sido feitas no dia anterior Lembro que o Ro, apesar de não ter nascido entre nós, é um legítimo Pinto que eu encontrei (com trocadilhos, por favor), com todas as características familiares descritas acima. Nessa ocasião a Renata não preparou nenhuma receita do Jamie..

detalhe da torta-sensação de meu irmão
A grande surpresa do dia ficou por conta de meu irmão, que chegou trazendo, pela primeira vez na história da família, um prato preparado por ele: uma torta de maçã feita com a fruta cortada em rodelas, cobertas com leite condensado e canela. De fazer hummmmm e chamar os cachorros (a referência não é gratuita, uma vez que a receita foi aprendida no programa de Ana Maria).

Concluo que, em se tratando de família Pinto, a sina sempre passa pela cozinha...


Fazendo 33 no Fiorino

No meu aniversário, em março, fomos comemorar no Fiorino, na Tijuca. Eu já queria conferir a casa há muito tempo, desde que passei pela Heitor Beltrão pela primeira vez à noite, reparando na bela iluminação do jardim. O Ro decidiu então me surpreender com um jantar lá. A casa faz o estilo italiano chic, bem ao largo das cantinas com sotaque macarrônico escrachado à la novela das nove. Quero registrar, no entanto, que também gosto muito dessas casas recheadas de mamas e nonas, regadas com fartas doses de poluição visual e sonora. O fato de me referir a elas aqui se deve apenas à necessidade de reforçar, pelo contraste, a linha seguida pelo Fiorino, o mais extremo oposto delas:  decoração sóbria e contida, serviço correto, música discreta. Porém, o que é mais recompensador nesta casa é que não precisamos pagar pelo estilo: o restaurante serve massas excelentes, relativamente fartas, a um preço bem em conta. Talvez por não trabalhar com cartões de crédito ou débito (o que deve baratear os custos), talvez apenas por honestidade, mesmo.

Mas vamos ao comentário dos pratos, que é o que mais interessa! Eu fui de talharim ao molho funghi. Tão gostoso, mas tão gostoso, que até hoje sinto o perfume dele me preenchendo as narinas e a boca logo fica inundada. O Ro foi de raviole de vitela ao molho branco (ou de queijo, já não estou muito certo). Apesar de o prato não ser meu, provei muitas vezes e também fiquei com seu sabor refinadíssimo marcado na memória.

De sobremesa, uma das invenções mais deliciosas entre todas as criadas pelas casas do Rio: gelado de chocolate. Uma mistura hipnotizante de chocolate, doce de leite, biscoito, café e castanhas (fico devendo uma foto).

Confesso que, apesar de já terem se passado cinco meses desde que desgustei esses pratos, sinto que corro o risco de me engasgar com tanta água na boca, só de lembrar... Vale muito a pena, principalmente para os amigos que moram do lado de cá do túnel.

28/07/2010

Comemorando numa galeteria






















Sei que deve causar estranhamento ler que fomos comemorar um aniversário de namoro em uma galeteria. Os que nos conhecem bem sabem que não dispensamos um galeto, mas nunca aceitaríamos comemorar em um tipo de estabelecimento em que o gosto da decoração é inversamente proporcional ao da iguaria: quanto melhor o galeto, mas cafona o ambiente. Porém, a Galeteria Mormaço, recém inaurugada no Jardim Botânico, chegou para estraçalhar essa máxima. Ali, a decoração é linda e o galeto, além de muito bem temperado, vem acompanhado de guarnições que quase roubam a cena. Tudo servido com esmero, fazendo com que, além da boca, utilizemos muito os olhos enquanto degustamos. De entrada, o rolinho de queijo coalho com molho de mostarda e mel fez revirar os olhos. O galeto, muito bem temperado, trouxe para a mesa a sempre bem vinda companhia da farofa de banana, uma salada de batatas com uma cebola frita quase queimada que faz toda a diferença e uns legumes na chapa, em que o grande destaque foi para o shitake (sei que cogumelo não é legume, mas é o nome do prato...). Quanto à aparência, deixo que vocês mesmos julguem pelas fotos...

OBS: voltamos há pouco ao Mormaço e nos surpreendemos com pratos não tão arrumados. Seria uma pena que a casa se deixasse levar pela rotina, deixando de investir no que lhe dá o diferencial.

Java Chips


Ok. Podem dizer que eu voltei americanizado. Mas, confesso, sempre invejei os copões de café que os tiras (!) carregam em QUALQUER filme de ação hollywoodiano. Quem já assisitiu a uma sessão de Supercine sabe do que estou falando. Por este motivo, vibrei de alegria ao saber que a Starbucks, rede norte-americana responsável pelos tais baldes de cafeína, tinha aberto filiais no Rio (Botafogo Escada Shopping e Leblon). Cafeinômano assumido, claro que fui experimentar. Qual não foi minha surpresa ao perceber que dentro dos baldes, muito mais que cafeína, encontramos... água! Exatamente: o café em baldes é tão fraco, tão fraco, mas tão fraco - que água suja deve ter um sabor melhor.

Porém, para os que acharam que a Starbucks tinha acabado para mim, lembro que o nome de um post pode dizer muito sobre ele: Java Chips é uma bebida à base de café, gelada, com muito chantily e chips de chocolate... Enlouquece qualquer um, mesmo os mais xiitas dos adoradores de café que ainda acreditem que o líquido sagrado só possa ser dugustado quente. Não precisaria nem dizer, mas digo: virou meu vício. Aliás, nosso vício: se Du e Ro fosse uma dupla de policiais americanos, em nossa viatura só entraria... Java Chips!

Dá uma olhadinha nessa foto...

Cozinha mestiça







Sabe aqueles lugares que conseguem misturar culturas gastronômicas separadas por distâncias infindas e, numa pirueta diplomática, possibilitar resultados inesquecíveis? O Togu é um deles. Aparentemente a proposta é ser um japa moderninho, o que ele não deixa de ser. O melhor é perceber que esse japa pode se atracar num amasso caliente com um tempero mexicano ou brasileiro e render muito. Os meus pratos eram mais comportados, com arranjos inusitados, mas sabor tipicamente oriental, como um camarão empanado acompanhado de feijão azuki. Já o Ro pediu entrada de atum ao shoyo com farofa de doritos e guacamole. Namoro estranho, né? Pois se casaram muitíssimo bem. No principal, ele foi de salmão com gelatina de caipirinha (!) sobre leito de cogumelos. Aqui, também, a mestiçagem fez muito bem ao mundo...

Comida de motel




Todo o mundo sabe que motel é lugar para comer e ser comido (se você tem menos de 15 anos, saiba que ler esse post pode ser muito prejudicial à saúde de seus pais...). O que nem todos sabem - ou concordam - é que esses indispensáveis abatedouros podem ser também espaço de boa gastronomia. Eu disse "boa", não "alta". Comida honesta (essa expressão rescende a gordura saturada de boteco, né?), preços idem, sabores muitas vezes orgásmicos (já que você está pagando, é bom não ficar restrito a apenas uma categoria). Claro que o fato de estar exausto e morto de fome deve ajudar um pouco no tempero...

Aconteceu a primeira vez no Condor, no Méier. A noite foi quase um desastre, pois ambos resolvemos ter uma virose fortíssima, com direito e enjôos & cia. O Ro, que até a hora do jantar ainda estava um pouco melhor que eu, decidiu pedir um talharim à parisiense. Hum... que perfume, que textura, que cor, que sabor!!!! Sabe aquele gostinho de comida que acabou de sair do forno da sua mãe? Pois, é... Freud explica. Não teve enjôo que me impedisse de me deliciar (infelizmente, não deu para ir até o fim). No Viña del mar, quase extensão da nossa casa, também decidimos arriscar e - surpresa! - comemos um filé no ponto mais do que exato, como se o chef (?) tivesse um timer super-mega-ultra sensível dentro do cérebro que permitisse a ele saber o momento exato de parar o cozimento para que aquela belezura chegasse até nós infinatamente crocante por fora e sangrando a cântaros por dentro. As guarnições não deixaram a desejar, com batata frita sequinha, arroz soltinho e bem temperado, além da salada com cheirinho de produtos comprados há menos de três horas. Mais recentemente, em nossa comemoração de 2 anos, fomos ao Villa Reggia. Além da suíte linda, em nada lembrando a decoração cafona da maioria dos motéis, ainda fomos surpreendidos por um couvert recheado de iguarias deliciosas, incluindo salgadinhos que pareceiam ter sido fritos na hora, passando longe de reaquecimento...

Ok. Sei que nada nas cozinhas de motel deve ser como imagino. Não há chefs, apenas cozinheiros sem charme e mal vestidos com aventais sujos de ovo e sangue, manipulando produtos quase ao ponto de irem para a lixeira. Sem problemas. Como em áreas afins - e adequadas à temática desse post - o que importa não é a roupa do chef nem o tamanho de sua colher de pau, mas a mágica que ele faz. O fato de conseguir mexer com minha imaginação, fazendo brotar diminutivos afetivos na hora de me referir aos pratos - gostinho, sequinho, soltinho, cheirinho - é o que mais importa.

Da próxima vez, experimenta!
E depois nos conta, claro!

22/02/2010

O novo Temaki

Assim como o verde é o novo preto na moda 2010, o cenário gastronômico teve um 2009 recheado de "novos". Em 2008 assistimos ao boom da primeira grande novidade pós fast-food: a temakeria.
Movimento tímido, devagar as temakerias foram tomando as calçadas e aquele temaki que só dava para comer em Ipanema se multiplicou, ganhou novas unidades pela cidade e, como tudo na vida, primos e parentes feio (e alguns bonitos, vide o Cone Lounge em Botafogo. A casa é simples, mas o cone deles é delicioso - o kebab também!).
Bastou isso para que em 2009 surgissem os "novos temakis":
- Primeiro fomos levados a acreditar que eram os frozen yogurts (alguém já deu uma passeada olhando atentamente por essas lojinhas entre o Shopping Leblon e a Dias Ferreira - é um inferno!);
- Depois, acreditamos que o novo temaki eram os kebabs! Estes ainda crescem pela cidade, visto que não é fácil encontrar uma birosquinha vendendo kebab na Zona Norte ainda.
Mas nem acabou o frisson com os novos temakis e um novo "novo temaki" surge: as bruschetterias (é assim que escreve mesmo?).
Para quem não sabe, bruschetta é aquela entradinha típica em restaurantes italianos feita com pão italiano fatiado, passado no alho e assado coberto com alguma coisa (em geral um mix de tomate, azeitona, cebolinha e azeite).
Enfim, antes que essa grande "novidade" tomasse todas as esquina da Zona Sul é que nasceram as queridíssimas de que o Duda sente saudade e que aparecem na foto no post abaixo. Foi em dezembro, num dia 15. O cardápio foi caprichado: iniciamos os trabalhos com as bruschettas da foto, a que se seguiram cuscuz marroquino com frango grelhado (bem apimentado) ao molho de damasco e uma sobremesa egípcia a base de cenoura e laranja.
Como o que importa aqui mesmo são as divas do momento (nunca "divas forever" como o meu amigo Cláudia Wonder), segue a receitinha das bruschettas.
Peça ao seu marido para comprar um pão de campanha quando voltar do trabalho (mas não conte para ele para que servirá o pão. Se ele insistir que o pão de campanha é muito grande e que a idéia é só fazer um jantar comemorativo para dois, insista que você precisa de um pão inteiro, sem dizer o porquê!).
Assim que ele sair de casa - garanta que ele sairá cedo nesse dia - corte 3 tomates em quadrados. Lembre-se que você não vai fazer vinagrete para o churrasco nem salada rústica, portanto são quadrados pequenos mas nem tanto.
Pique também 1 cebola em quadrados bem pequenininhos e coloque de molho em água a temperatura ambiente por um período. Enquanto a cebola fica no molho, pique grosseiramente azeitonas pretas e cebolinha (deixando algumas pontas de cebolinha para enfeitar.
Agora tire a cebola do molho e misture com o tomate, as azeitonas e a cebolinha em uma vasilha. Coloque bastante azeite, um bocadinho de flor de sal, um bocadinho de sal, um bom bocado de pimenta do reino e deixe marinando o resto do dia.
Quando seu marido chegar com o pão de campanha, corte-o em fatias bem grossas (não seu marido! você precisará dele mais tarde), coloque bastante manteiga em uma frigideira (2 colheres de sopa bastam) com um punhado de alecrim. Sinta o cheiro que vai ficar na cozinha e já morra de fome. Em seguida coloque as fatias do pão e deixe dourar levemente os dois lados.
Com o pão ainda quentinho, cubra com a mistura de legumes e sirva.
No nosso dia 15 ficou uma delícia o pão quentinho com os legumes gelados... Mas nos contem se vocês fizerem diferente. Até porque, ao que tudo indica, em breve terei que pedir ao Duda para voltar pra casa com um bom pão de campanha...

21/02/2010

10/02/2010

doces detalhes

Passei alguns dias me aguando pelo sanduiche de pato. Adoro essa carne branca com jeitão de vermelha, um meio termo agradável entre a maciez das aves e o vigor sanguíneo dos bovinos. Pode ser muita viagem, mas é assim que sinto a carne de pato acariciando minha papilas... Quando eu e Ro tivemos a ideia de finalizar o dia no Duke's, imaginei que tudo seria perfeito. A Joyce num fim de tarde em Ipanema, cantando com aquela voz suave de tia hippie, uma comédia romântica italiana meio chanchadesca que me fez rir como há muito não ousava escancarar e... uma sandubão de pato.

A essa altura do relato e já preparados pelo post do Ro, vocês já devem estar esperando uma catástrofe. Não é para tanto. A primeira mordida até que foi promissora, quando todas aquelas sensações descritas acima se fizeram presentes, provando que o pato era de qualidade inegável. Porém, detalhe dos detalhes, havia junto à carne desfiada uma porção de cebola caramelada. Nada mal, se ela comparecesse apenas para coadjuvar, dando um toquezinho doce ao pato. Mas a cebola (talvez menos ela e mais o caramelo) estava a fim de briga, querendo puxar o tapete do pobre pato. Depois do quinto pedaço, já me sentia comendo a sobremesa, com o detalhe - mais um - de que em matéria de sobremesa sou mais chegado aos sabores meio amargos, nada de excesso de açúcar. Pois dessa vez o doce venceu e eu saí quase arrasado.

Mas quase também é mais um detalhe (saravá, Roberto Carlos!). A noite ainda valeu a pena pelos resquícios de Joyce e chanchada no paladar e o delicioso vinho da boa companhia deslizando garganta abaixo...

08/02/2010

Minhas doces comidas

Finais de semana para nós raras vezes não são glutões. Tem sempre uma lista de restaurantes indicados por alguém, um passeio à rua "x", cheia de bares e bistrôs, ou coisas do gênero. Fato é que por conta disso nunca chegamos à segunda com o mesmo corpo de sexta: ele está sempre um pouco maior.
Sexta passada (05/02/10), no almoço, fomos eu e duas amigas em um restaurante perto do escritório. No dia anterior eu havia comido um pastelão de frango a caminho do mercado e passei muito mal durante a noite toda, por isso decidimos ir a um comida a quilo, onde eu teria mais opções leves que não comprometessem de todo o final de semana.
Era o Aipo & Aipim ali da rua do Ouvidor, no centro da cidade. A comida estava bem cheirosa. Como todo comida a quilo que se preze, organizada de saladas à pratos quentes (infelizmente, alguns dos pratos quentes nem tão a vista quanto deveriam) e, ao final da interminável fila de pratos apetitosos, a balança, cercada de talheres e temperos.
Pois que estando ainda indisposto servi uma farta salada e peguei ao lado da balança, junto dos temperos, 3 sachês de sal.
A comida estava realmente gostosa. Além da salada, que incluía uma mistura de beringelas e pimentões, cenoura, alface e um bocadinho de salpicão de frago, servi um pouco de purê de barôa e uma pequena fatia de filé de salmão grelhado. Mas quando dei a primeira garfada na salada estranhei: ela tinha um sabor adocicado bastante forte!
Como eu e Duda temos o costume de fazer pratos agridoces, continuei comendo, ainda estranhando o fato de um comida a quilo ter temperado todas as suas saladas de forma a ficarem levemente adocicadas. Em geral comida de quilo sequer tem empero... Melhor aproveitar que esse aqui tinha, apesar de doce!
Foi quando me dei conta de que os sachês que estavam ao lado da balança, próximo aos temperos, não eram de sal e sim de açúcar, ou melhor, adoçante. O sal estava num daqueles guardanapeiros cheios de divisória na mesa.
Para não fazer soro caseiro de minha salada, deixei-a no canto do prato e comi o restante. Por sorte não havia colocado adoçante no salpicão e na salada de beringela.
Como bom cristão, senti-me eu mesmo culpado pelo erro. Só mais tarde pensei que o restaurante também tinha sua parcela, pois deveria ter alguma etiqueta no pote com adoçante em que se lesse de que se tratavam, ainda mais por eles estarem ao lado dos temperos!

Enfim, mas o dia passou, a fome voltou e depois de uma esticada ao show que a Joyce fez no posto 9 e uma ida ao cinema para ver a comédia italiana "Ah...O amor", eu e Duda fomos a uma lanchonete arrumadinha nova na Farme de Amoedo, em Ipanema, a Duke's. O lugar se vende como padaria, mas é, na verdade, uma espécia de Outback menos australiano e mais agradável (sem a bloomin' onion, infelizmente, mas com onion rings para quem não abre mão delas).
Havíamos lido no jornal há uma semana parte do cardápio, que incluí um sanduíche de pato (pedido do Duda, que ele irá comentar em outro post) e pizza de cheddar (que deixamos para uma próxima).
Pedi um hamburger de frango com brie e cebolas caramelizadas por R$ 20,90. O preço é honesto, já que o hamburger é bem grande e vem acompanhado de saladinha e batatas fritas (deliciosas! Bem sequinhas, crocantes e com sal na medida certa). E o hamburger, também delicioso! A idéia é bem simples, nada original, mas as porções são generosas e tudo está bem temperado: trata-se de um hamburger de frango honestíssimo, seguido de duas fatias grossas de brie (que derretem com o calor do hamburger), uma pequena porção de cebolas caramelizadas e de alface cortada bem fininha, isso tudo em um pão de leite muito macio!
Depois de um dia de salada doce e um hamburger delicioso, a sobremesa não conseguiu chegar à mesa, da qual eu e Duda nos despedimos com elogios e críticas (que deixarei para ele fazer).

04/02/2010

Jazz com sentidos


A ideia era juntarmos um bando de amantes de Jazz & Cia, além de apaixonados por comida. Como jazz é (ou foi algum dia) improviso, faríamos o mesmo que os jazzistas, mas utilizando os ingredientes-surpresa que apareceriam. Logo de cara eu e Ro convidamos um pacote de arroz vermelho selvagem e uma lata de ameixa em calda. Depois, chegou uma garrafa de azeite trazendo a Carla pelas mãos e um pacote de batata frita acompanhado da Melissa. O vidro de azeitonas demorou, mas chegou esbaforido com a Daiana, depois de uma pedalada pelo Aterro. Por fim, beeeeem atrasados mas muito beeeeenvindos, apareceram os camarões, os champignons e um Pão de Campanha deliciosos, trazendo a Carol e o Stevie. Com esses convidados muito saborosos, não foi difícil imaginar o que sairia. Stevie, já familiarizado com o arroz vermelho, fez um solo de tirar o fôlego, acompanhado de perto pelo dedilhado da Carol e um tintilar de faca em prato meu e da Dai. Depois de reforgar o arroz em alho e azeite, ele o deixou cozinhando por quase uma hora. Quase no fim da apresentação, incendiou os camarões com uma dose de cognac, acrescentou os cogumelos e a azeitona, tudo temperado com sal, pimenta do reino branca e um toque de curry. As batatinhas fizeram croc-cric só para finalizar.
De sobremesa, umas cocadas cremosas e umas paçocas que eu nem vi chegarem. As ameixas sobraram, mas foram parar numa salada dias desses. Ficaram ótimas!
Bem, nada disso seria tão bom sem as conversas, sempre excelentes quando se junta uma banda de primeira como essa.
Quero saber quando será o próximo...

02/02/2010

Salada de Pimentões com Manga

Receita agridoce, idéia que me ocorreu quando fazia um frango e vi que seu molho (de vinho tinto) tinha ficado um tanto quanto adocicado.

Os pimentões (vermelho, verde e amarelo) estavam na geladeira, assim como a manga e pensei que poderia ser uma boa mistura.

RECEITA:
1 pimentão de cada cor cortado em fatias grosseiras;
Shoyu
Vinagre balsâmico
Azeite
Molho de alho
Mostarda escura
Sal e pimenta do reino a gosto
1 manga bem gelada cortada em cubinhos

Coloque um pouco de azeite em uma frigideira e leve ao fogo. Quando estiver quente, jogue as fatias de pimentão. Rapidamente, coloque um bocado de todos os temperos e misture.
Retire do fogo (o pimentão não deve cozinhar, apenas aquecer e tomar sabor dos temperos), coloque em uma travessa e, com os pimentões ainda quentes, jogue os cubos de manga bem gelados (quanto mais gelados melhor) e sirva imediatamente!!!
Ótimo para acompanhar pratos com pouca personalidade.

Sobre o blog

Eu e Duda conversamos sobre o que queremos com o blog. O combinado segue abaixo:
  1. Publicar (com fotos do resultado final) nossas criações gastronômicas;
  2. Publicar o contexto da criação;
  3. Lançar críticas gastronômicas dos lugares que visitarmos;
  4. Lançar idéias para novas receitas (que vocês poderão experimentar antes de nós mesmo fazermos);
  5. Lançar críticas de filmes que envolvam culinária (e que adoramos).
Enfim, é isso. Esperamos que curtam tanto quanto nós o blog.

Soft Opening

Estamos em soft opening.
O Duda ainda não sabe que criei o blog, que foi uma sugestão da Aline (provavelmente inspirada por "Julie e Julia", não é babes?). "Por que vocês não criam um blog para postar as invenções culinárias de vocês?", ela disse.
A idéia não é ruim, pensei, mas parece ser um filão do filme. Mas logo me dei conta de que temos um diferencial. A Julie do filme postava as receitas da Julia Child no contexto de um desafio que ela lançou a si mesma.
Aqui não se trata disso. O blog tem a proposta de divulgar as invenções culinárias minhas e do Duda. Ainda não firmamos nenhum acordo do tipo: publicaremos só as receitas gostosas ou também colocaremos aquelas que deram errado? divulgaremos o contexto do surgimento da receita ou apenas ela, nua e crua? Isso ainda não foi acertado entre nós, mas com certeza será o segundo post deste blog.
O título, bem, dia 15 é quando comemoramos nosso namoro, iniciado em 15/04/08. Sempre celebramos com alguma comidinha, seja num restaurante, seja em casa (aliás, outra questão: faremos ou não crítica culinária?). Em geral, quando fazemos a comemoração em casa, ela vem sempre com um jantar mais elaborado (e sempre delicioso).
Além do dia 15, tem os outros 29 dias do mês, com jantarzinho de final de dia ou com saladinha de almoço, fruto de uma proposta "Ro-e-Duda-versão-low-carb".
Enfim, que comecem os trabalhos!