28/07/2010

Comida de motel




Todo o mundo sabe que motel é lugar para comer e ser comido (se você tem menos de 15 anos, saiba que ler esse post pode ser muito prejudicial à saúde de seus pais...). O que nem todos sabem - ou concordam - é que esses indispensáveis abatedouros podem ser também espaço de boa gastronomia. Eu disse "boa", não "alta". Comida honesta (essa expressão rescende a gordura saturada de boteco, né?), preços idem, sabores muitas vezes orgásmicos (já que você está pagando, é bom não ficar restrito a apenas uma categoria). Claro que o fato de estar exausto e morto de fome deve ajudar um pouco no tempero...

Aconteceu a primeira vez no Condor, no Méier. A noite foi quase um desastre, pois ambos resolvemos ter uma virose fortíssima, com direito e enjôos & cia. O Ro, que até a hora do jantar ainda estava um pouco melhor que eu, decidiu pedir um talharim à parisiense. Hum... que perfume, que textura, que cor, que sabor!!!! Sabe aquele gostinho de comida que acabou de sair do forno da sua mãe? Pois, é... Freud explica. Não teve enjôo que me impedisse de me deliciar (infelizmente, não deu para ir até o fim). No Viña del mar, quase extensão da nossa casa, também decidimos arriscar e - surpresa! - comemos um filé no ponto mais do que exato, como se o chef (?) tivesse um timer super-mega-ultra sensível dentro do cérebro que permitisse a ele saber o momento exato de parar o cozimento para que aquela belezura chegasse até nós infinatamente crocante por fora e sangrando a cântaros por dentro. As guarnições não deixaram a desejar, com batata frita sequinha, arroz soltinho e bem temperado, além da salada com cheirinho de produtos comprados há menos de três horas. Mais recentemente, em nossa comemoração de 2 anos, fomos ao Villa Reggia. Além da suíte linda, em nada lembrando a decoração cafona da maioria dos motéis, ainda fomos surpreendidos por um couvert recheado de iguarias deliciosas, incluindo salgadinhos que pareceiam ter sido fritos na hora, passando longe de reaquecimento...

Ok. Sei que nada nas cozinhas de motel deve ser como imagino. Não há chefs, apenas cozinheiros sem charme e mal vestidos com aventais sujos de ovo e sangue, manipulando produtos quase ao ponto de irem para a lixeira. Sem problemas. Como em áreas afins - e adequadas à temática desse post - o que importa não é a roupa do chef nem o tamanho de sua colher de pau, mas a mágica que ele faz. O fato de conseguir mexer com minha imaginação, fazendo brotar diminutivos afetivos na hora de me referir aos pratos - gostinho, sequinho, soltinho, cheirinho - é o que mais importa.

Da próxima vez, experimenta!
E depois nos conta, claro!

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