28/07/2010

Comemorando numa galeteria






















Sei que deve causar estranhamento ler que fomos comemorar um aniversário de namoro em uma galeteria. Os que nos conhecem bem sabem que não dispensamos um galeto, mas nunca aceitaríamos comemorar em um tipo de estabelecimento em que o gosto da decoração é inversamente proporcional ao da iguaria: quanto melhor o galeto, mas cafona o ambiente. Porém, a Galeteria Mormaço, recém inaurugada no Jardim Botânico, chegou para estraçalhar essa máxima. Ali, a decoração é linda e o galeto, além de muito bem temperado, vem acompanhado de guarnições que quase roubam a cena. Tudo servido com esmero, fazendo com que, além da boca, utilizemos muito os olhos enquanto degustamos. De entrada, o rolinho de queijo coalho com molho de mostarda e mel fez revirar os olhos. O galeto, muito bem temperado, trouxe para a mesa a sempre bem vinda companhia da farofa de banana, uma salada de batatas com uma cebola frita quase queimada que faz toda a diferença e uns legumes na chapa, em que o grande destaque foi para o shitake (sei que cogumelo não é legume, mas é o nome do prato...). Quanto à aparência, deixo que vocês mesmos julguem pelas fotos...

OBS: voltamos há pouco ao Mormaço e nos surpreendemos com pratos não tão arrumados. Seria uma pena que a casa se deixasse levar pela rotina, deixando de investir no que lhe dá o diferencial.

Java Chips


Ok. Podem dizer que eu voltei americanizado. Mas, confesso, sempre invejei os copões de café que os tiras (!) carregam em QUALQUER filme de ação hollywoodiano. Quem já assisitiu a uma sessão de Supercine sabe do que estou falando. Por este motivo, vibrei de alegria ao saber que a Starbucks, rede norte-americana responsável pelos tais baldes de cafeína, tinha aberto filiais no Rio (Botafogo Escada Shopping e Leblon). Cafeinômano assumido, claro que fui experimentar. Qual não foi minha surpresa ao perceber que dentro dos baldes, muito mais que cafeína, encontramos... água! Exatamente: o café em baldes é tão fraco, tão fraco, mas tão fraco - que água suja deve ter um sabor melhor.

Porém, para os que acharam que a Starbucks tinha acabado para mim, lembro que o nome de um post pode dizer muito sobre ele: Java Chips é uma bebida à base de café, gelada, com muito chantily e chips de chocolate... Enlouquece qualquer um, mesmo os mais xiitas dos adoradores de café que ainda acreditem que o líquido sagrado só possa ser dugustado quente. Não precisaria nem dizer, mas digo: virou meu vício. Aliás, nosso vício: se Du e Ro fosse uma dupla de policiais americanos, em nossa viatura só entraria... Java Chips!

Dá uma olhadinha nessa foto...

Cozinha mestiça







Sabe aqueles lugares que conseguem misturar culturas gastronômicas separadas por distâncias infindas e, numa pirueta diplomática, possibilitar resultados inesquecíveis? O Togu é um deles. Aparentemente a proposta é ser um japa moderninho, o que ele não deixa de ser. O melhor é perceber que esse japa pode se atracar num amasso caliente com um tempero mexicano ou brasileiro e render muito. Os meus pratos eram mais comportados, com arranjos inusitados, mas sabor tipicamente oriental, como um camarão empanado acompanhado de feijão azuki. Já o Ro pediu entrada de atum ao shoyo com farofa de doritos e guacamole. Namoro estranho, né? Pois se casaram muitíssimo bem. No principal, ele foi de salmão com gelatina de caipirinha (!) sobre leito de cogumelos. Aqui, também, a mestiçagem fez muito bem ao mundo...

Comida de motel




Todo o mundo sabe que motel é lugar para comer e ser comido (se você tem menos de 15 anos, saiba que ler esse post pode ser muito prejudicial à saúde de seus pais...). O que nem todos sabem - ou concordam - é que esses indispensáveis abatedouros podem ser também espaço de boa gastronomia. Eu disse "boa", não "alta". Comida honesta (essa expressão rescende a gordura saturada de boteco, né?), preços idem, sabores muitas vezes orgásmicos (já que você está pagando, é bom não ficar restrito a apenas uma categoria). Claro que o fato de estar exausto e morto de fome deve ajudar um pouco no tempero...

Aconteceu a primeira vez no Condor, no Méier. A noite foi quase um desastre, pois ambos resolvemos ter uma virose fortíssima, com direito e enjôos & cia. O Ro, que até a hora do jantar ainda estava um pouco melhor que eu, decidiu pedir um talharim à parisiense. Hum... que perfume, que textura, que cor, que sabor!!!! Sabe aquele gostinho de comida que acabou de sair do forno da sua mãe? Pois, é... Freud explica. Não teve enjôo que me impedisse de me deliciar (infelizmente, não deu para ir até o fim). No Viña del mar, quase extensão da nossa casa, também decidimos arriscar e - surpresa! - comemos um filé no ponto mais do que exato, como se o chef (?) tivesse um timer super-mega-ultra sensível dentro do cérebro que permitisse a ele saber o momento exato de parar o cozimento para que aquela belezura chegasse até nós infinatamente crocante por fora e sangrando a cântaros por dentro. As guarnições não deixaram a desejar, com batata frita sequinha, arroz soltinho e bem temperado, além da salada com cheirinho de produtos comprados há menos de três horas. Mais recentemente, em nossa comemoração de 2 anos, fomos ao Villa Reggia. Além da suíte linda, em nada lembrando a decoração cafona da maioria dos motéis, ainda fomos surpreendidos por um couvert recheado de iguarias deliciosas, incluindo salgadinhos que pareceiam ter sido fritos na hora, passando longe de reaquecimento...

Ok. Sei que nada nas cozinhas de motel deve ser como imagino. Não há chefs, apenas cozinheiros sem charme e mal vestidos com aventais sujos de ovo e sangue, manipulando produtos quase ao ponto de irem para a lixeira. Sem problemas. Como em áreas afins - e adequadas à temática desse post - o que importa não é a roupa do chef nem o tamanho de sua colher de pau, mas a mágica que ele faz. O fato de conseguir mexer com minha imaginação, fazendo brotar diminutivos afetivos na hora de me referir aos pratos - gostinho, sequinho, soltinho, cheirinho - é o que mais importa.

Da próxima vez, experimenta!
E depois nos conta, claro!